Apenas três letras,
Mas comparamo-las com o universo
Querida entre as estrelas e planetas
Eleita entre os rios e mares,
Canção das aves e pigmentação das plantas do campo!...
Minha mãe,
Zungueira que rasga os pés
Com longas caminhadas, para aquelas terras
Em busca de uma coisa como pão
Para enganar a fome dos teus filhos
Minha mãe,
Na alva, interrompe o sono
E vai para dispersos vazio do destino...
Ao cair da noite ela regressa,
Cansada e enferma de desgraças,
Com um rio de lágrimas no seu rosto,
Com ai e aiwes nos seus lábios secos,
O pior de tudo tomou conta dela,
Os seus filhos falecem de fome,
Que doido sofrimento!
Na noite, quando só falam os grilos e outros insectos
Alcança o seu pranto
Carrega a bandeira da miséria
Se acama na praia de dores
E se cobre com lençóis de insónias,
Afinal os seus petizes morrem de fome
O seu amado é padroeiro do álcool
As suas filhas carregam o troféu da meretrícia,
E os seus filhos fazem da alma um mostro...
Ai! Ai! Ai! Minha mãe sofre!...
Minha mãe
Querida, minha razão de ser,
Quer acabar com o passado assombrado
Nas ruas da cidade da sua memoria!
Passado!... Onde andava pelos montes,
Pelos rios, pelos bosques...
Gemendo como uma ave no Inverno,
Afinal os seus amigos partiram,
Ela chora, chora inconsolavelmente por eles...
Consumidos injustamente pela princesa guerra...
Silenciosamente pelo imperador SIDA...
Inexplicavelmente pela filosofia estrada...
Pelo presidente ódio,
Pelo profeta alucinação,
Ás vezes pelas suas semelhantes!...
Hoje ela crucifica aquela soberana...
Praguejando-a para nunca mais voltar,
Nunca mais, nem por um pedido dos deuses...
Minha mãe
Venturosa entre os homens!
Muita gente come do nosso sorriso,
Mas não das nossas lágrimas amargas!
Mas da minha mãe vem tudo!...
Mãe, minha namorada,
Minha amiga,
Minha avó,
Minha eterna luz, o tesouro que Deus me deu!...
Mina capela, e catequese dos meus dias,
Minha mãe, meu leito,
A flor que embriaga o meu ser com seu raro perfume!...
Minha mãe, com dias cinzentos,
Mas com uma fortuna de amor e fé!...
Minha mãe... «KILON, O PROFETA»
Nesta estrada negra
Negra até ao fim!!!...
Além dela, reside o Outono,
Não a primavera,
Existe tristeza e não a felicidade!
Ah! Quem a vai atravessar?!...
Talvez os meus olhar sombrio...
Nesta estrada negra,
Sombria e assombrada,
O que nela existe, não é normal
Mas aquém dela, existe chuvadas de lágrimas,
Praia de lamúria
E uma montanha de amargura!
Até aquilo que me recuso lembrar,
Habita nesta estrada negra!
Para lá desta...
Existe um silêncio total!
Nesta estrada, não noutra
Além dela, existe o resplendor do silêncio
...As malvas!...
Nesta estrada negra
Existe o clamor de desolação...
Existe a resposta da transgressão
Da desobediência,
E de rios de impaciências...
Nesta estrada negra
Existe o perfume do inferno...
Estrada que consome sem cerimónias!
Ali o homem é condenado a se calar para sempre!
Que pena!
Nesta estrada negra
Negra até as malvas!..
Não noutra, existe um mar de prantos,
Quem estiver alegre, observe
E quem estiver triste, tome cuidado,
Porque ela não é amiga!...
Consumiu os meus semelhantes,
Deixou-me no celeiro de solidão
E no campo de saudades... Que pena de mim!...
Agora, não depois,
No cume de uma montanha,
Conclamarei, e não me calarei,
Proclamarei os meus aiwes
No olhar e no ouvir de tudo quanto é gente,
Todos ouvirão, pássaros e flores!... «KILON, O PROFETA»