CASCATA DE POEMAS
Neste mergulho,
Nesta tristeza,
As órbitas doem-me,
Sem aconchego,
O ombro amigo assombra-me
Desfaz-se no meu hrizonte,
Onde meu olhar faz lembrar Jeus
Nas Oliveiras
E golgonta,
O calvario está em mim,
Minha consolação
E minha morta esperança!... ''António Likeva Mendes - «KILON, O PROFETA»''
ESTOU SUFOCADO
Estou sufocado,
No canto da minha alma
Existe algo, não é fogo!
Mas é ardente
Algo que não sei,
Algo que não sei dizer, nem explicar
Nem expulsar com minhas sôfregas lágrimas!
Lamentar ou uivar como fazem os lobos
Marulhar como as ondas…
Rugir como vendavais, eu aqui parado
Na sombra de desta árvore a beira da estrada da vida,
Vida sempre sombria, nada diferente!...
Estou sufocado,
No canto da minha alma
Existe um mistério indesvendável,
Mas um grande mistério, invade minha alma!
Tua rara beleza
Cega os olhos da minha paixão
As noites, meu corpo geme de frio
De saudades
E grita de solidão
Grita, porque meus olhos já não te vêem,
Estou sufocado!...
Teus olhos, por mim chamam,
Eles, não mentem,
Reluzem como a verdade da boa nova
Estou sufocado,
Na calada das noites invernosas,
Meu corpo se acama
De febres de paixão,
Afinal enfermo ando por ali,
Não quero falar de mim,
Nem quero me lembrar,
Apenas quero falar de ti, eh da minha linda!
No ermo da minha paixão,
Caminho, pereço de fome e sede
Dos teus beijo,
Das tuas carícias,
Do teu doce olhar,
Da tua melódica voz
Do teu invejoso e manso andar
E daquilo que me foge da alma do meu pensar,
Não sinto do medo me lembrar,
Mas sim de sentir a ferocidade da saudade e da solidão,
Mas como vivo amargurado,
Estou sufocado, talvez sem fim!...
ESTOU AQUI
Aqui estou,
Jazido na sombra da amargura,
O seu terror me agasalhou,
Mas o meu desejo é gritar, bem alto
E dizer para os quatro cantos da terra
E para tudo que é gente,
Mas vociferar o que sinto no peito,
Nas minhas veias
Nos meus sonhos…
Quero dizer… e exteriorizar o meu íntimo,
Sinto dores em abraçar o silencio,
Esmiúça a minha velha alma…
Estou aqui
Aqui estou com olhos desidratados,
Tristes e quase me saltam das órbitas,
Porque pranteio dia e noite o tempo todo!
Ai de mim! Pobre coração!
Sem guardar lembranças de um beijo meloso,
Beijo de uma bela e velha amiga!
Estou aqui
Aqui estou, morto na esperança
De reencontrar minha velha ternura!
Ai de mim!
Deram-me por herança da vida
Dias de sombrios
E sonhos curtos de mais!
Estou aqui
Aqui estou com olhos murchos
E olhar de sonolência,
Mas quando me acamo para dormir,
Então cochicho comigo mesmo:
Quando ganharei asas para voar?
Mas o dia morre,
E o dia ressuscita com queixumes ao sol…
Farto-me da delicia do meu leito,
Me consolo com o crepúsculo,
Na aurora, a aura sopra mais forte,
Dos meus olhos corres rios de lágrimas,
Com afluentes de solidão e de saudades!
Minha curta esperança passa como vento
E meus sonhos mais velozes que um F1,
Perecem no horizonte vazio e triste… que pena!
Estou aqui
Aqui estou, dorido
No pedaço de um ermo,
Enfermo no inferno de uma paixão eterna!
Meu desejo é perecer
E me apresenta ao Zambi com minha alma inteira:
Porque razão eu vivo na imensidão de um sofrer calado,
Triste e sem fim!..
Aqui estou a morrer
De paixão e aquilo que só semeia sofreres!
Estou aqui,
Calado!...
A FLOR
Conheci um flor,
Já não solidão,
Nem chuvas de saudades,
Jamais serão elas,
Descobri um encanto de flor
Flor, dos meus sonhos
Que completa o meu horizonte!
O seu nome é uma maravilha,
À ninguém darei mostras de sabê-lo,
Nem sinais de conhecer o seu rosto!
Ela, nasceu para mim,
E só por mim ela vive,
Aviva o poder as minhas noite invernosas!...
Hoje, e agora mesmo
Uma única coisa me vai importar,
Dominar-me, para não pede-la dos olhos,
Olhos que choram passionalmente dia-a-dia!
Alguns sabichões chamam-na de vaidosa,
Mas outros de estrela do Oriente,
Porque não se lembram do seu nome!
A vida carnal pouco lhe interessa,
Prossegue sempre o trilho do seu caminho,
O caminho do amor e da razão!
Um dia, o fim vem,
Mas eu estarei,
A terra se abri,
Os montes se demolem,
Os mares rebentam,
As ervas do campo falecem,
Meus olhos decompõem-se nas órbitas,
Meu corpo inteiro desce à sepultura
Para nunca mais voltar, cinzas será,
Ainda estarei vivo e sereno na alma,
Ah! Serei seu eterno guardião!
Lutarei! Lutarei! Lutarei! Lutarei! Lutarei!...
ACABARAM COMIGO
A paixão e o destino acabaram comigo
Consumiram minha esperança,
E me deram por herança terras ermos.
Moradores da terra,
Escutai somente o que eu vou dizer
Na aflição dos meus dizeres alinhados:
A paixão e o destino,
Fizeram do meu amor um inferno
E da minha alma palco de tudo quanto é dor!
Agora, hoje mesmo,
Não depois nem noutro dia,
Pranteio por tudo quanto aflige minha alma,
As lágrimas correrão dos meus olhos
Como águas dos rios!
Não me fartei de viver,
Mas me aborreci da minha preciosa
E modesta vida.
O mundo está vazio da razão.
Mas neste instante, só posso dizer
Que se calhar um dia,
Repousarei na sombra da minha linda!
Ahm, Ahm, Ahm, Ahm, Ahm!
Na sua sombra viverei o tempo todo!
O tempo todo!... É!
Fala quem sabe
Justifica quem viu,
Chora quem sente...
Afinal a paixão e destino
Consumiram os pedaços da minha alma
Que jazia o tempo todo no silencio!
Como é doida a lei de sofrer!...
Ai! Mas como!... Como mesmo!…
SE PODERES
Se souberes, me insulte,
Se conseguires me cuspa,
Se quiseres me mate com seus olhos,
Se preferires, me assombre com mentiras,
Em todo canto terreno,
Mas se achares correcto, não me saúdes,
Me espezinhes,
Me belisques
Me insultes,
Faça tudo quanto for mal,
Mas não me deixes perder
Teu doce beijo,
Aroma de teu corpo viola,
Carícia da tua macia pele,
Teu andar rico em mansidão,
Teus olhos mais luzentes que as estrelas dos céus,
Tua voz mais deleitoso que o cantar dos pássaros!
Desculpa-me, mas não me faça
O que o destino nega,
estou ardendo de paixão,
Estou condenado a te amar
Para toda eternidade,
Meu grande medo é perder teu olhar!..
OLHA PORA MIM
Olha para mim,
Não te fartes nem de repelão
Olha para as órbitas dos meus olhos
E escuta-me,
Eu falarei, mas com a minha própria boca,
Frasearei para Universo e para almas viventes
Ouvirá chuvas da minha proclamação
De ti, ó minha linda!
Carregarei o meu horizonte vazio
De teus doces beijos…
Hoje vivo no ermo o tempo todo,
Desconfio que ali partirei,
Meus olhos vêem o que não sei,
Meus ouvidos ouvem ruídos de saudades,
Meus pés caminham em britas ardentes,
Meu corpo em cama de amargura,
Jaz as noites inteiras queixando-se de saraivas de dores!
Minha pele amacia-se com o creme de angústia!
Não posso viver assim… trilhar os mesmos caminhos!...
Olha para mim,
Minha linda
Não me faça perder
O encanto do teu olhar,
Faça renascer em mim:
O sorriso luminoso aos meus lábios;
O doce do teu beijo à minha língua
As lágrimas de amor aos meus olhos
Olhos cansados e velhos,
Faça renascer as tardes domingueiras
Aos meus dias de lazeres
As tardes que o tempo levou
Com ajuda do vento trovejante do destino,
Faça renascer aquilo que não me lembro!
Mas sinto saudades delas!
Agora, mas agora mesmo, não depois,
Pelo vazio, lamento
Pela dor sofro
Pelo remoinho da solidão choro
E faço coisas que estão ao meu alcance
Faço delas minhas consolações perpétuas.
Olha para mim
Minha linda
Não te fartes de dirigir teu olhar para mim!
Oh! Olha-me, olha-me, olha-me, olha-me, olha-me!... «KILON, O PROFETA»