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DISSE-ME UM DIA UM KAMBA MEU!
DISSE-ME UM DIA UM KAMBA MEU!

 

 

Quando um dia eu partir,

Chore e deplore por mim,

Mas não se esqueça

Que vivi inteiramente apaixonado pela vida

Disse-me um dia um kamba,

Que o tempo consumiu do meu olhar!

 

Quando um dia eu partir

Para lá dos meus sonhos

Para lá do horizonte,

Onde o meu olhar é sombrio,  

Não deseje o que mais odeio,

Utilizar o nariz como chaminés

Ou tubo de escape de automóveis

E abraçar o álcool como fôlego da minha vida!

Disse-me um dia um kamba,

Ele tinha razão na dimensão do universo...

 

Numa chuva de cânticos,

Ele partiu... Mas caminha sobre o meu espírito!

 

Na necrópole de lírios,

Ali, jaz o seu cadáver,

Sepultado como musgos

Num tumulo de acácias amarelas...

Até hoje o seu corpo é natureza!

 

Ali viverá o tempo todo!

 

No cuidado das malvas!

No silêncio da minha voz,

Caminharei na paz do purgatório,

Purificarei a minha alma

Das cinzas da terra,

Cobrirei o meu rosto de poesia,

Entoarei uma nova cação da luz!

Como é um paraíso essa luz!

Assim me apresentarei ao detentor do amor... 

Disse-me um dia um kamba,

kamba meu, na sombra da dor!...

 

Hoje, os meus olhos já não o vêem

Nunca mais o verão, nunca mais...«KILON, O PROFETA»