O TÉRMINO DE PAZ
O TÉRMINO DE PAZ

 

Assim termina o nosso amor

Parece-me espectáculo infernal,

Mas não!

Assim importa-me dizer coisas, como coisas,

Mas com muita calma ao lado da ciência passional

Porque, quando alguém parte,

Deixa um dilúvio de saudades

E uma praia de dores!...

Não é propriamente um término,

Mas um respeito a uma decisão de paz,

Bem, respeito ao respeito!

A lei de respeitar a razão do destino!

 

Eis-me no nosso último dia de amor, não do senhor!

Domingo a tarde, na luz rosada do sol tímido,

Levantar-me-ei às 17h:00,

No crepúsculo, abraçar-te-ei

No silêncio da noite dar-te-ei um manso beijo!

Pela última vez sentirei o teu embriagante aroma,

A doçura da tua mágica pele,

 

Tudo farei,

Mas pela última vez ao lado do teu terno calor.

 

Tenho a sensação de que  vou chorar,

Porque o sonho do nosso amor vai acabar,

Acabar sem covardia,

Mas estou calmo e leve,

Como se eu fosse viajar de barco!

 

Olho-me no espelho,

O meu rosto, apesar da dor,

Não é de tristeza,

Nem de quem vai acabar com o seu sonho maravilhoso,

Mas de alguém que respeita à decisão,

A decisão de escolha e de amar o amor,

A decisão de respeito à razão das coisas!

Tenho a impressão de ser cobarde,

Mas não! Não mesmo!

Não, porque é duro obedecer ao respeito,

E à lei da democracia amorosa! 

 

Embora agitado na alma,

À ninguém reclamo,

Porque a história já deu lugar a este romance

Que cansou meu eu

Que farta-se de se vestir à solidão!

 

Agora, habitantes inclinem seus ouvidos

E escutem, pois na arte de viver,

Falarei baixinho o que me vem na alma,

O que os livros não relataram,

O que a história não revelou,

O que os deuses desconhecem…

O que o tempo escondeu com seus olhos opacos!

Eis a graça o qual minha vida usufrui:

O silêncio não é bom sinal

O escuro é ilusão do silêncio

A maquilhagem é vaidade da intrujice

As lágrimas são bengalas da saudade

E iguaria preferidas da solidão!...«KILON, O PROFETA»